A Origem dos Jogos Lúdicos e Brincadeiras
Quando falamos da história dos jogos e brincadeiras, no geral, precisamos pensar em construções humanas que envolvem diversos fatores sociais, econômicos e culturais. Tais atividades surgiram em consequência da força de trabalho e do uso de ferramentas.
Esta concepção teve influências marxistas e foi predominantemente alvo de análises de pesquisadores soviéticos como Elkonin (1998), Vygotsky (1984; 1990) e Leontiev (1988).
Inevitavelmente, a brincadeira pode ser considerada uma das principais portas de entrada da criança para as suas experiências culturais.
Neste sentido, a história, a cultura e a economia se fundem completamente fornecendo subsídios e símbolos sociais com os quais a criança se utiliza até se identificar com determinada cultura.
Com o passar dos tempos, os jogos e brincadeiras tiveram um papel primordial na aprendizagem de tarefas e no desenvolvimento de habilidades sociais, necessárias às crianças para a sua própria sobrevivência.
O jogo deve se apresentar como uma atividade que responde a uma demanda da sociedade em que vivem as crianças e da qual devem chegar a ser membros ativos.
Manipular brinquedos é, acima de tudo, manipular símbolos. Por conta disso, nem sempre a criança vai fazer do brinquedo o uso que o adulto espera assim que o apresenta, devendo haver um processo de construção.
Em outros tempos, o trabalho não tinha o valor que lhe atribuímos atualmente, tampouco ocupava tanto tempo do dia.
Os jogos e brincadeiras eram os principais meios que a sociedade tinha para estreitar seus laços coletivos e permanecer unida. Isso se aplicava a quase todos os jogos e esse papel social era evidenciado principalmente em virtude da realização das grandes festas.
Adultos, jovens e crianças se misturavam em todo tipo de atividade social, ou seja, no entretenimento, no exercício das profissões e tarefas diárias, no domínio das armas, nas festas, cultos e rituais. O cerimonial dessas celebrações não fazia questão alguma de distinguir as crianças dos jovens e os jovens dos adultos, muito em detrimento do fato de que esses grupos sociais estavam muito pouco definidos dentro de suas peculiaridades.
Outro fator a ser ressaltado nessas festas era o seu caráter místico. Nas representações sagradas, encontrava-se em jogo um elemento espiritual bastante presente e importante na nossa história.
O brinquedo e a atividade da criança nada mais eram do que uma ferramenta de trabalho modificada e uma adaptação da atividade dos adultos por meio desta ferramenta.
A história do brinquedo e dos jogos ilustra toda uma representação de infância e à modificação da imagem da criança, acompanha a modificação de seus jogos e brinquedos, estando as suas relações organicamente vinculadas à da mudança do seu patamar na sociedade, não podendo ser compreendida fora desta ótica.
Esse lugar nos dá a chave para a explicação de como os jogos e brincadeiras ocupam o seu desenvolvimento.
A título de exemplificação, a criança indígena brasileira quando brinca de arco e flecha está manipulando uma atividade própria dos adultos e que ela terá que aprender muito cedo para a sobrevivência de sua comunidade.
A natureza dos jogos infantis só pode ser compreendida pela correlação existente entre eles e a vida da criança na sociedade.